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A IGNORÂNCIA DO POVO CRICIUMENSE

Criciúma - 04/07/08
Aconteceu aqui na cidade de Criciúma um teatro de rua, promovido pelo SESC intitulado "As saborosas aventuras de Dom Quixote de la mancha e seu escudeiro Sancho Pança", de um grupo teatral de Goiás. Bom, o início da peça começa com o ator interpretando Dom Quixote descendo de um dos prédios comerciais do calçadão(foto ao lado) ...mas antes de descer ele ficou por alguns instantes lá parado...e eu ali apreciando algo tão pouco realizado em nossa cidade...
Cheguei muito curiosa para ver o desenrolar da história, mas fui surpreendida pelo comentário do pessoal que estava ao meu redor. Uma mulher ficou ao meu lado e disse: "Olha só que emocionante o cara vai se suicidar", eu sorridente fiz questão de dar-lhe a boa notícia que não se tratava de um suicídio mas sim de um teatro, para meu espanto a criatura disse: "O quê? Um teatro? E eu aqui perdendo tempo com isso!"
Aquilo foi uma espécie de apunhalada, ela preferia que se tratasse de um suicídio do que uma peça teatral.
Ainda meio chocada com tal acontecimento, passa outra criatura do sexo masculino gritando: "Vão trabalhar galera por isso que a porra do nosso país não vai pra frente."
Resolvi fazer de conta que não escutei...de repente outra fala "Eita, mas vocês são uma cambada de ignorantes, perder tempo pra ver essa palhaçada"....eu juro a vocês que continue a não ouvir nada...
E por foi ... "palhaçada" "Ei, ei vão saindo da frente da minha loja" "se mata cara, se joga daí", "esse povo não tem o que fazer" "Só pode ter levado um corno, o tal infeliz" etc e tal...meus ouvidos foram bombardeados de tantas maneiras que infelizmente percebi que não tenho maturidade para saber digerir isso, entender o nível de cada pessoa, e senti uma angústia enorme em meu peito e... me retirei.
Nossa cidade ainda é muito provinciana, os Criciumense não estão acostumados ter contato com o novo... Criciúma tem uma cultura excludente..quando há algo na cidade de cunho cultural é no teatro e num valor absurdo..e me diga..quem pode ir? o povo...nunca!
Mas isso são coisas que podemos construir com o tempo, promover mais vezes, até que as pessoas passam a ter outro olhar, outra forma de perceber o encanto da vida através da arte.
Valeuuuu!!



Comentários

  1. Então, à muito que tenho notado essa tendência adversa desta cidade para questão cultural no sentido geral, talvez por conta da colonização que se volta em cada qual querer valorizar suas etnias esquecendo da questão de que agora somos uma nova nação em formação, e temos todo tipo de costumes que pode se destacar atravéz da arte cantada, interpretada, pintada etc...
    Quero colaborar para o esclarecimento de que toda maifestação artistica também é uma forma de trabalho, a diferença é que aqui muitas vezes não se tem carteira assinada, não é mesmo?

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BUTRE

Bom...pra quem não conhece essas tiras que aqui estão são do meu personagem Butre que teve sua publicação diária no jornal local durante 6 anos. Resolvi dar uma paradinha nesse ano, quem sabe volto ano que vem! Estou redigitalizando novas para postar aqui no blog. (clique na imagem para ampliá-la)
Tenho me debruçado e desdobrado em pesquisas relacionadas a  mulher, arte, feminismo...já foram muitas as ideias e muitos os estudos...eu como já atuei em igreja no tempo de minha juventude, hoje afastada 100% por opção, lembrei das Santas Católicas que sempre me trouxeram  uma imagem de sofrimento e muita dor...não somente psicológica e emocional como podemos conhecer nas histórias de São Francisco e Santo Antônio, mas principalmente dores físicas, de torturas, abusos e com certezas estupros escondidos nas escrituras "sagradas". Mas o que me chama atenção é as histórias que envolvem mulheres torturadas possui um olhar de conformismo, de naturalidade, diferente do olhar que já percebi nos santos que em número bem menores sofreram violência física, como São Sebastião e São João que até nos dias atuais eles atraem olhares de piedade e compaixão...mas com as mulheres esse olhar não comunga deste sentimento, ou então é bem mais ameno. Bom...todo este contexto é para compreen